Com certeza, é a criação mais enaltecida neste verão. Os ondas de calor que parecem não ter fim, trouxeram marcas acima de 40ºC por semanas, com sensação térmica de mais de 50ºC.
Os mais antigos, têm ricos relatos de como era a vida há 70, 80 anos. E o clima sempre tem seu espaço nestas histórias. Invernos rigorosos, com episódios de neve, e verões escaldantes, como o registrado no ano de 1942, quando houve uma grande estiagem. E não havia na época, o conforto do ar condicionado, algo impensável nos verões atuais.
Aquela indescritível sensação de alívio ao entrar em um ambiente climatizado e uma revigorante noite de sono só existem graças a ele.
Então, palmas, e o Tocantins inteiro para ele – Willis Carrier, o inventor do aparelho de ar-condicionado.

Willis Carrier em 1915
Nascido em 1876, na Nova Inglaterra, Carrier frequentou a Universidade Cornell, nos EUA, tornando-se um engenheiro elétrico. Aos 25 anos, se especializou em sistemas de calefação. Nesse período, trabalhava para a Buffalo Forge – empresa que fabricava aquecedores e diversos elementos para o trabalho com o ar.
Em 1902, foi encarregado de um novo departamento de engenharia experimental, onde projetou seu primeiro ar-condicionado para uma tipografia no Brooklin.
Quando se comprovou que a técnica funcionava, Willis Carrier havia perdido seu trabalho na Buffalo Forge, vindo a se associar a outras seis pessoas para criar sua própria empresa, a Carrier Engineering Corporation. Começando com um investimento de 32.600 dólares, a empresa conseguiu exportar sua ideia ao mundo todo. Contaram com clientes de prestígio para isso (as grandes lojas de departamentos J.L. Hudson em Detroit e a Samsung no Japão) e tiveram nas salas de cinema seus melhores aliados para promover seus aparelhos.

O primeiro ar condicionado de Carrier
O termo “ar-condicionado”, surgiu em 1906, quando o norte americano Stuart Cramer criou o seu próprio aparelho a fim de explorar formas de adicionar umidade ao ar em sua fábrica de tecidos, usando-o em um pedido de patente efetuado naquele ano. Carrier acabou adotando também o termo e incorporou-o no nome da sua empresa.
Carrier teorizou que poderia retirar a umidade da fábrica através de resfriamento do ar por dutos artificialmente resfriados. Esse mecanismo, que controlava a temperatura e umidade, foi o primeiro exemplo de condicionador de ar contínuo por processo mecânico. Desse modo, a indústria têxtil, foi o primeiro grande mercado para o condicionador de ar.
A solução foi aperfeiçoada mais tarde, em 1940, para o uso doméstico. A invenção demorou a se popularizar porque, em um primeiro momento, seus inventores ainda não tinham percebido o potencial daquelas máquinas de ar frio. A primeira aplicação residencial do ar condicionado foi feita em uma mansão de Minneapolis, no ano de 1914. Embora permanecesse fora do alcance da maioria até depois dos anos 1930 — e mesmo hoje.
No mesmo ano, Carrier instalou o primeiro condicionador de ar hospitalar, no Allegheny General Hospital de Pittsburgh. O sistema introduzia umidade extraem um berçário de partos prematuros, ajudando a reduzir a mortalidade causada pela desidratação.
Em 1919, o cinema Riviera, em Chicago, convidava os espectadores para sua “fábrica de congelamento”. Quatro anos depois, em 1923, uma loja de departamento em Detroit, nos EUA, instalou três condicionadores de ar que atraíram multidões de consumidores. Foi nesse período que o ar-condicionado começou a ser instalado em locais públicos.
O aparelho teve seu ápice no ano de 1922, no Grauman’s Metropolitan Theatre, em Los Angeles, e tornou-se uma peça fundamental para o crescimento da indústria cinematográfica, pois, nos meses de verão, a frequência dos cinemas caía muito, levando ao fechamento de várias salas.
Em Nova York, o cinema Tivoli, aberto desde 1921, ganhou em 1924 um ar-condicionado que o tornou famoso. As pessoas faziam fila na porta, mais para aproveitar o geladinho do cinema da Oitava Avenida, do que para ver os filmes.
O ar-condicionado modificou até a arquitetura dos anos seguintes. Na Flórida, nos EUA, hotéis foram erguidos inclusive com janelas pequenas, pé-direito baixo e condicionadores ligados na potência, revelando a adaptação dos lugares para receberem a tecnologia da climatização.
Antes do ar-condicionado
Os primeiros sistemas conhecidos que usavam água para resfriar espaços internos foram criados pelos antigos egípcios, que baixavam a temperatura em suas casas pendurando tapetes úmidos nas portas. A água evaporada das esteiras úmidas reduziu a temperatura do ar interno e adicionou umidade refrescante ao ar seco do deserto.
Não muito depois de os egípcios vencerem o calor com seus tapetes de entrada, os romanos desenvolveram um sistema de ar-condicionado primitivo, utilizando seus famosos aquedutos para fazer circular a água doce através de canos internos, um método que reduzia significativamente a temperatura do ar dentro de vilas abafadas.