O mundo é dos idosos

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Pesquisa realizada em 2017, aponta que 76% dos idosos realiza alguma atividade que desafiava o cérebro, como a leitura

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 16% dos brasileiros tinham 60 anos ou mais em 2019 — 34 milhões em um universo de 210,1 milhões de habitantes. Projeções estimam que, em 2100, esse número saltará para 72,4 milhões. Daqui a mais ou menos 80 anos, o percentual de idosos deve bater 30%, mais que o dobro do que haverá de crianças e adolescentes.

“Tanto no Brasil quanto em outros países, o envelhecimento da população se dá de forma acelerada”, afirma Rita Martorelli, analista de projetos sociais do Departamento Nacional do Serviço Social do Comércio – SESC, para a revista Veja Saúde. “Isso pode ser explicado pela queda na taxa de natalidade e pela redução na taxa de mortalidade. Vivemos numa sociedade mais envelhecida”, resume.

Duas pesquisas ajudam a traças o perfil atual dos idosos. Uma delas, feita pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – SBGG, em parceria com a Bayer, entrevistou 2 mil pessoas em dez capitais, em 2017 e revelou que 54% das pessoas com 55 anos ou mais, não se sentiam velhos.

No dia a dia, 76% realizavam alguma atividade que desafiava o cérebro (como leitura, por exemplo), 51 % iam ao médico mais de uma vez por ano, 23% se alimentavam de maneira saudável e 17% faziam exercícios físicos regularmente. Por outro lado, 29% admitiam sentir medo da solidão, 21% temiam a incapacidade de enxergar ou de se locomover e 18% se preocupavam com o desenvolvimento de doenças graves.

“São muitos os desafios que a velhice impões ao indivíduo. O principal é o psicológico. Para envelhecer bem, é preciso não ter preconceito contra envelhecer”, aponta a geriatra Maisa Kairalla, da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp.

“Na teoria, a gente começa a envelhecer a partir dos 27 anos. Mas, na prática, é desde o momento em que se nasce. Quanto antes a gente se preparar para envelhecer bem, melhor” – recomenda.

Outra pesquisa a mapear como vivem e se sentem os brasileiros com 60 anos ou mais é do SESC de São Paulo e da Fundação Perseu Abramo – ela ouviu 2,3 mil pessoas nessa faixa numa amostra de 4,1 mil.

Entre os principais achados, 86% dos participantes acham que envelhecer é um privilégio, 78% não tem medo da morte e 75% acreditam que viver o momento presente é mais importante que se preocupar com o futuro.

Em casa, os hobbies favoritos são TV (93%), rádio (71%) e leitura (61%). Ao ar livre, caminhada (46%), alongamento (16%) e bicicleta (13%). Se pudessem, 27% viajariam mais. O que os impede? Falta de dinheiro (37%), de saúde (18%) e de companhia (7%).

“A velhice, por si só, não é um problema. Mas o medo de envelhecer pode transformá-la em um problema”, avisa o geriatra Newton Luiz Terra, pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC-RS. “Idoso é quem ainda sente amor, tem planos para o futuro e aprende coisas novas todos os dias. Velho é quem só sente saudade, vive de recordações e acha que sabe tudo”, diferencia o autor de ‘Só É Velho Quem Quer’ (Editora da PUC-RS).

Trecho da reportagem da Revista Veja Saúde: “Velhos, sim… Doentes, não! A nova cara e os desafios da velhice.