Apesar de o Brasil ser caracterizado por ter um clima tropical, os estados do Sul costumas ter um inverno rigoroso, com uma sequência de dias extremamente frios e nublados, como registrados neste mês de julho. Nesta época, cerca de 1% da população, o que representa mais de mais de 2 milhões de brasileiros, é afetada pela depressão ou ansiedade climática.
Os dados do Departamento de Psicologia Médica da King’s College/Universidade de Londres mostram que dias nublados, chuvosos e frios levam a alterações emocionais, no sono e no humor.
A coluna Bella + Comportamento do Jornal Correio do Povo abordou o assunto, e ouviu o psicólogo Guilherme Alcântara Ramos, mestre em Análise do Comportamento. Ele explica que a redução da luz solar atrapalha o funcionamento adequado do hipotálamo. “Essa região cerebral é importante para a produção de hormônios e regula várias funções do organismo. No inverno, quando as noites são mais longas e escuras, ficamos mais sujeitos a alterações emocionais. ”
De acordo com Guilherme, que também é professor de Psicologia do UniCuritiba, a exposição ao sol estimula a produção de serotonina, dopamina e outros neurotransmissores que atuam no humor e na capacidade de lidar com o estresse e a ansiedade.
“No inverno, por causa do frio, as pessoas tendem a fazer menos atividades físicas e a sair menos de casa para encontrar amigos ou para atividades de lazer. Isso aumenta os sintomas, sendo importante adaptar a rotina e a vida social a atividades compatíveis com o clima desse período”, diz.
Sintomas como sonolência ou insônia, variações no apetite, cansaço, fraqueza, desânimo, baixa motivação para as tarefas diárias e isolamento social, são característicos do transtorno afetivo sazonal.
Também ouvida pela coluna, a psicóloga Daniela Jungles, também professora do UniCuritiba, explica que o clima é um estressor universal e a maioria das pessoas reage, física e emocionalmente, em menor ou maior grau, às oscilações de calor, frio, chuva ou vento. Para lidar com o inverno sem abalar o emocional, a especialista ensina algumas boas práticas:
Descansar: aproveite o clima para desacelerar, relaxar e valorizar a permanência em casa. O descanso traz uma sensação de calma porque diminui o nível de cortisol, hormônio ligado ao estresse.
Leitura é uma ótima opção: ler tem efeitos positivos no cérebro, proporciona sensação de bem-estar e contribui para afastar as preocupações do dia a dia. Outra opção é aproveitar os dias frios e cinzentos para ver um filme ou série.
Cozinhe: as refeições estão diretamente ligadas às sensações de prazer e afeto. Cozinhar é um poderoso antidepressivo natural e uma ótima atividade para se distrair.
Fuja do isolamento social: As conexões sociais são importantes. Por isso, mesmo em casa, organize encontros com amigos e familiares. A internet facilita o contato com quem mora longe. Crie o hábito de fazer vídeochamadas para conversar com pessoas queridas.
Os professores ainda reforçam a importância de cuidar da saúde mental. “Não deixe que a ansiedade climática ou depressão de inverno se instale. É importante tomar medidas proativas para cuidar da saúde física e mental. Se você já sabe que o inverno afeta suas emoções, redobre os cuidados”, orienta Daniela.