Falta de chuva no RS põe safra de soja “no limite”

Soja

Depois de enfrentar o excesso de chuva nos meses de setembro, outubro e novembro de 2023 e adiar a semeadura das lavouras de soja, os agricultores gaúchos deparam-se com um novo desafio: a falta de chuva. Com 33% das plantações em germinação e 44% em floração, segundo último Informativo Conjuntural da Emater-RS/Ascar, a produção da oleaginosa encontra-se em um momento decisivo frente a quase 30 dias sem precipitações significativas e uniformes.

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul  – Aprosoja RS, Ireneu Orth, a expectativa é que a safra gaúcha do grão, neste ano, ultrapasse os 20 milhões de toneladas. “Tem lugares que faz 24 ou 25 dias que não chove, onde a soja está perdendo o vigor, está secando e não vai formar grão”, relata.

Entre eles, estão municípios da região das Missões, como São Luiz Gonzaga e São Borja, e do Salto do Jacuí, como Alto Alegre. Já o contrário, relata Orth, foi visto, nas áreas de  Passo Fundo e Erechim.

O primeiro levantamento da Emater/RS-Ascar para a safra de soja 2023/2024 no Estado aponta para 22,4 milhões de toneladas e produtividade média de 55 sacos por hectare (3.327 quilos/hectare) em 6,74 milhões de hectares semeados. Já o boletim da RTC/CCGL, divulgado em janeiro, indicava mais de 23 milhões de toneladas. Mas o primeiro vice-presidente e coordenador da comissão de Grãos da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul  – Farsul, Elmar Konrad, afirma que a safra gaúcha da oleaginosa está “no limite”.

As lavouras semeadas no tarde devem ser as mais prejudicadas, mesmo que não resultem em 24 sacos/hectare de 2021/22,  “ou 36 sacas/hectare de 2022/2023, quando nossos custos foram 45% maiores e o preço da soja caiu de R$ 170/saca para R$ 125/saca”, lembra Konrad.

Perda média de 15% na região Noroeste

 Na região de abrangência da C.Vale de Catuípe, no Noroeste do Estado, a média de perda nas lavouras de soja é de 15% devido à falta de chuva. A estimativa leva em conta os 60 mil hectares da cooperativa, que também abrange plantações de Ijuí, Ajuricaba, Santo Augusto, Independência, Chiapetta, Três de Maio, Santo Ângelo e Giruá. “Temos lugares que estão há 26 dias sem chuva. Nessas áreas, a quebra já é considerada bem significativa. Há quem fale em algo próximo de 30%”, revela o gerente da unidade, Jones Antônio Dacanal.

O período seco prolongado e irregular atinge pequenos, médios e grandes agricultores da região. Com apenas 1,5 mil hectares irrigados na área de abrangência da cooperativa, a expectativa é que a chuva volte a cair nesta semana. Mesmo assim, os rendimentos devem ser variáveis. “Muitos colherão a safra cheia, mas outros vão colher a média de 45 sacos por hectare e outros 65 sacos/hectare”, estima Dacanal.

A preocupação, de acordo com o gerente, está na descapitalização do sojicultor, que, há dois anos, colhe uma média pouco maior de 20 sacas de soja por hectare devido à estiagem. “A produção de trigo (de 2023) foi bem complicada com o excesso de chuva, com a perda de qualidade dos grãos e a com a redução nos preços de comercialização”, argumenta.

Fonte: CP