Assim como ocorreu em setembro, outubro deve trazer chuva acima da média ao Rio Grande do Sul, de acordo com meteorologistas. O mês deve ter também temperaturas mais elevadas do que o habitual para o período.
Todo o Estado estará em alerta quanto à chuva, conforme Lucas Fagundes, meteorologista da Sala de Situação do Estado. A média de precipitação em outubro no RS é de 160mm; porém, para 2023 a previsão é de que os acumulados superem esse valor em todas as regiões, porém, em volumes diferentes.
— Vai acontecer porque a primavera já é um mês muito chuvoso no RS, e nós temos ainda o efeito do El Niño atuando e favorecendo que as chuvas fiquem acima do esperado — explica.
Ao contrário de setembro, o volume mais acima do padrão deve se concentrar na faixa oeste e no noroeste, com 70mm a 100mm acima da média. Nas outras áreas, o volume deve ficar 50mm acima da média, segundo Rogério Rezende, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Os eventos meteorológicos devem causar chuva volumosa como ocorreu em setembro – mês com médias históricas que resultaram em tragédias no Estado. Isso deve acontecer porque as condições atmosféricas estarão semelhantes, segundo Fagundes.
De acordo com o meteorologista, o primeiro evento, dando início a precipitações mais frequentes, deve acontecer na próxima quarta (4/10) e quinta-feira (5/10), com o avanço de uma frente fria, causando chuvas com volume entre 60mm e 80mm em praticamente todo o RS, com possibilidade de tempo severo. Até lá, segundo Henrique Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel), deve haver chuva mais espalhada, em menor intensidade, com temperatura abaixo da média.
Segundo o Inmet, os resultados preliminares de setembro indicam que a chuva foi cerca de duas a três vezes mais intensa do que o esperado. A temperatura, tanto mínima quanto máxima, também ficou acima da média. No entanto, de acordo com Repinaldo, as projeções indicam que o cenário de setembro — considerado “fora da curva”, com acumulados chegando a 400mm — não deve se repetir. Entretanto, também não é possível descartá-lo. Além disso, a tendência é de que o El Niño se intensifique nos próximos meses, acrescenta o meteorologista.
Temperatura
Em comparação a setembro, reta final do inverno, os termômetros também estarão mais elevados, em função da primavera e do El Niño, segundo os especialistas. Assim, as manhãs serão mais quentes. Os valores estarão cerca de dois a três graus acima da média geral.
Em relação às máximas, na Campanha, a temperatura deve ter uma variação pequena, de cerca de 0,5ºC, conforme o Inmet. Na Metade Norte, na Região Metropolitana e no Litoral Norte, 1,5ºC e 2ºC acima do que seria esperado. Já sobre as mínimas, a faixa Noroeste tem valor um pouco mais elevado, até 2ºC graus acima.
— É típico de El Niño também a temperatura acima da média. Além do Oceano Pacífico Equatorial estar aquecido, sinal do El Niño, outras regiões do Pacífico também estão aquecidas, parte do Atlântico na nossa costa, isso acarreta em toda uma mudança nos padrões de vento e também numa maior disponibilidade de umidade. É um período que tem muito mais umidade e muito mais aquecimento — destaca Repinaldo.