A safra de inverno no Rio Grande do Sul não deve escapar dos efeitos do El Niño em 2023. Depois da colheita recorde na temporada passada, a produção gaúcha de trigo, aveia, cevada e canola deve recuar 12,8% em relação ao último ciclo, influenciada, também, pelo fenômeno climático, que costuma causar chuva acima da média. A projeção é da Emater, que divulgou nesta quinta-feira (15) a primeira estimativa de safra para a estação.
Somadas as culturas, a área plantada deve totalizar 1.987.905 de hectares, uma redução pequena, de 0,7%, ante 2022. Já a produção total deve ser de 5,6 milhões toneladas.
Conforme o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera, as reduções previstas levam em conta a média dos últimos 10 anos. E na última década, somente as três últimas temporadas foram de grandes safras no Estado, com desempenhos acima da curva.
Principal cultura da estação, o trigo ocupa área 1,5% menor em 2023. As regiões de Santa Rosa e de Ijuí têm as maiores áreas de produção, mas o cultivo do cereal está presente em quase todo o Estado.
Na avaliação do diretor técnico, a redução de área é pequena, mas deve se refletir em produção também menor, de 14%, em razão dos últimos recordes. Em 2022, a safra histórica do trigo somou 5,1 milhoes de toneladas no Rio Grande do Sul, quase 46% a mais do que a de 2021, que já havia sido surpreendente para o cereal.
Na produtividade do trigo, é projetado recuo de 12,6% neste ano, com 3.459 quilos por hectare (kg/ha). Segundo Baldissera, a estimativa também reflete a régua alta de comparação do ano passado. Em 2022, a produtividade média foi de 3.508 kg/ha, 21,6% superior à safra de 2021.